Um dos maiores clássicos da animação japonesa, obra icônica do lendário Osamu Tezuka.
Em uma realidade muito parecida com a Europa medieval, existe o pacífico reino da Terra de Prata. Tudo lá parece calmo e tranquilo, mas inimigos espreitam nas sombras e o castelo oculta um grande segredo.
Em seu interior, o bondoso casal real cria sua filha única Safiri (a romanização oficial é "Sapphire") como se fosse um garoto. Isso porque as severas leis de seus ancestrais impedem que uma mulher suba ao trono e o Rei temia que o país caísse nas mãos de seu primo, o maldoso Duque Duralumínio, caso algo lhe acontecesse. Essa é a trama básica de Ribbon no Kishi (literalmente, "O Cavaleiro da Fita", de 1967), uma das mais importantes obras do genial Osamu Tezuka.
Mesmo criada perante os súditos do reino como sendo homem, os pais permitem que, em longe dos olhares curiosos, Safiri possa usar vestidos e cultivar sua real natureza feminina, apoiada pelos servos mais leais do castelo. Safiri também é apoiada pelo garotinho Ching, na verdade um anjo que veio à Terra como castigo por suas travessuras no céu. Ele vive em harmonia com a natureza, está sempre pronto a ajudar e, em muitos momentos, é o condutor das histórias. Outro dos personagens centrais da trama é o príncipe da Terra do Ouro, o valente Franz Charming, que logo percebe que Safiri é uma garota e se apaixona por ela, sendo totalmente correspondido. Quando necessário, Safiri se disfarça no herói Cavaleiro Vingador, agindo contra as maquinações do Duque Duralumínio e seu assistente narigudo, Nylon, ou ameaças ainda maiores, como a poderosa Unidade X.
O coração puro de Safiri é almejado pelo demônio Satã, que planeja dá-lo à sua filha Heckett, uma jovem e bondosa bruxa. Acompanhado de sua esposa, Madame Inferno, Satã arma diversas ciladas para Safire, até que, em um episódio antológico, o casal de malfeitores se sacrifica com nobreza, para dar a Heckett o que ela mais queria: uma vida normal.
A série é repleta histórias memoráveis, com enorme variedade nos roteiros. Em um arco narrativo de quatro episódios, o rei desaparece quando estava prestes a revogar a lei que proíbe mulheres de subir ao trono do reino. A rainha é vítima de uma poção enfeitiçada e revela o segredo de Safiri. Assim, Duralumínio toma posse do reino e se torna o novo monarca. Acusadas de traição, Safiri e sua mãe são enviadas para uma sinistra masmorra, de onde não se espera que saiam com vida.
Lá, elas são vigiadas pelo carcereiro Gâmer, um corcunda ameaçador. Mas Safiri faz amizade com os muitos ratinhos que vivem no local e consegue sair disfarçada de Cavaleiro Vingador em algumas ocasiões para tentar descobrir o que aconteceu com seu pai. Ela também acaba ajudando Gâmer, que retribui com gratidão e ela consegue salvar seus pais e retornar ao reino. Esse arco ofereceu um final alternativo para a série, que ainda teria um desfecho monumental dentro da cronologia da saga. O arco final da série, um episódio duplo escrito por Kapei Nou, foi um dos mais arrebatadores de seu tempo. Um enredo com muita ação, mortes chocantes, reviravoltas e um senso de fechamento épico encerraram a série de TV com chave de ouro. A inspirada trilha sonora de Isao Tomita contribuiu muito para que o trabalho fosse memorável.
Baseado no mangá homônimo do mestre Osamu Tezuka (1928~1988), a história mostrada na TV corresponde a cerca de metade da saga original dos quadrinhos. Criada em 1953, a obra foi publicada primeiro na revista feminina Shojo Club e posteriormente na revista Nakayoshi, tendo diferentes versões. A segunda versão do mangá, também assinada por Tezuka, foi publicada no Brasil pela editora JBC em 2002, com oito volumes. Em 2013, a editora NewPOP lançou Os Filhos de Safiri, continuação oficial do clássico.
Já no final de 2021, a JBC relançou a saga que havia publicado, mas em versão de luxo, com imagens em alta resolução e em dois volumes. No Japão, saiu em 2008 um remake na revista Nakayoshi assinado por Natsuko Takahashi (roteiro) e Pink Hanamori (arte), que rendeu quatro volumes. Uma versão brasileira oficial está em produção pelo estúdio Mauricio de Sousa Produções. Quando a série foi trazida para o Brasil nos anos 1970 para exibição na TV Tupi (e posteriormente na TV Record), vários scripts se perderam, o que obrigou o diretor de dublagem Gilberto Baroli (dublador de Satan) a escrever, ele mesmo, os diálogos de algumas histórias. O resultado foram roteiros inéditos, com pouca ou nenhuma relação com a trama original, mas todos bem estruturados e roteirizados com grande competência por Baroli, que viraria um astro entre a garotada por sua dublagem de Saga de Gêmeos no fenômeno Cavaleiros do Zodíaco. A série de TV foi lançada em DVD no Brasil pela Focus Filmes em 2012, resgatando a maior parte da dublagem original, sendo que dois episódios precisaram ser redublados.
O autor Osamu Tezuka era grande fã do tradicional teatro Takarazuka, que é conhecido por ser encenado somente por mulheres e por usar maquiagens que deixavam os olhos maiores e mais intensos. Assim, a saga de Safiri acabou gerando diversas adaptações nessa forma de arte, com peças musicais de bastante sucesso.
De modo elegante, a série combate o machismo vigente no Japão daquele tempo (muito mais do que hoje), mas sem levantar bandeiras ideológicas, já que Safiri é uma princesa apaixonada por seu príncipe. Ela se faz passar por homem para ganhar tempo para seu pai mudar a antiga lei. Um dos maiores clássicos de uma época de ouro e uma das mais importantes obras de Osamu Tezuka, Ribbon no Kishi é apontado também como o primeiro título especialmente voltado para garotas adolescentes, a demografia shojo (leia "shôdio"). E, como obra de qualidade e apelo universais, se tornou um sucesso tanto para o público feminino quanto para o masculino, com fãs de várias idades pelo mundo. Um clássico eterno.
FICHA TÉCNICA: A PRINCESA E O CAVALEIRO Título original: Ribbon no Kishi ~ リボンの騎士 ("O Cavaleiro da Fita") Estreia no Japão: 02/ 04/ 1967 (TV Fuji) Número de episódios: 52 Criação: Osamu Tezuka Roteiro: Kappei Noh (principal), Masaki Tsuji, Masao Maruyama e outros. Trilha sonora: Isao Tomita Direção geral: Osamu Tezuka Realização: Mushi Pro e TV Fuji Emissoras no Brasil: TV Tupi e TV Record Versão brasileira: Cinecastro e AIC São Paulo Direção de dublagem e adaptação: Gilberto Baroli
AS ABERTURAS ORIGINAIS: 1) A série teve duas aberturas, mas nenhuma foi exibida na TV brasileira. A música leva o nome da série, "Ribbon no kishi", e surgiu como tema instrumental composto e arranjado por Isao Tomita.
2) A segunda abertura, que tocou do episódio 26 ao 52 apresentava uma versão cantada da mesma música. "Ribbon no Kishi" ~ versão com vocais
Letra: Kapei Nou / Melodia: Isao Tomita
Intérpretes: Youko Maekawa e Luna Armonico.
Princess Knight - Curta-metragem lançado em .... para exibição dentro do cinema do parque Osamu Tezuka World, em Kyoto.
Roteiro: Mayumi Morita
Direção: Masayoshi Nishida
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