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Ale Nagado

Kamen Rider BLACK SUN

A dramática, violenta e politizada série que reconta a saga de Kamen Rider BLACK e Shadow Moon!

BLACK SUN: A nova versão de um clássico dos anos 80

INFORMAÇÕES PRELIMINARES


Produzido especialmente para distribuição mundial via Prime Video, a série Kamen Rider BLACK SUN, é o reboot da série Kamen Rider BLACK, grande sucesso de 1987 que também tem muitos fãs no Brasil, tendo sido exibido na extinta Rede Manchete. Essa série comemorativa foi criada para o público adulto, que viu a série original. É uma obra violenta, complexa e carregada de política, mas também cheia de referências ao passado, com a difícil missão de atualizar uma obra consagrada.


Para situar os fãs da série clássica, vale uma série de esclarecimentos. A tradução da Amazon brasileira buscou identificação com os fãs antigos. Assim, foi mantido o nome Issamu Minami, ao invés do original Kotaro Minami. Nesta versão, não existem as personagens da irmã Kyoko e nem da namorada de Nobuhiko, Satie. É preciso também esquecer todo o contexto anterior, visto que BLACK SUN é uma reinterpretação. Na trama, os Gorgom falam em suceder ao Grande Rei, mas ele foi totalmente reimaginado e não é a figura mística original. Existem os sacerdotes Gorgom, mas agora, ao invés de agirem nas sombras, eles comandam uma agremiação política, o Partido Gorgom, que dá apoio institucional ao governo.


Nesta versão, Nobuhiko Akizuki é bastante atuante e tem personalidade forte, e também se transforma, assim como Kotaro. Agora ele é o Kamen Rider SHADOWMOON, apesar do nome ser usado somente fora da série, no licenciamento. Na série, eles são apenas chamados de Black Sun e Shadow Moon, nunca de Kamen Rider.


Os três sacerdotes Gorgom estão lá, Danker, Pérola e Baraom, bem como Taurus, braço direito do Primeiro-Ministro Dounami. Os monstros clássicos foram repaginados, e talvez o mais impressionante tenha sido o Monstro Baleia, ou Kujira Kaijin, agora um híbrido de humano com uma baleia jubarte, ao contrário do original, que foi desenhado a partir de uma baleia cachalote.


A história segue duas linhas temporais, com uma contando os fatos de 50 anos atrás, e a outra, no tempo presente. Assim, o público vai conhecendo as motivações dos personagens, como foi o surgimento dos kaijin na sociedade humana e como se formou a tensa convivência social entre humanos e monstros. Agora, vamos ao que interessa:


A TRAMA


Humanos e kaijins (monstros humanos) convivem há várias décadas na Terra, especialmente no Japão, com um reconhecimento do governo japonês completando 50 anos. A origem desses seres monstruosos capazes de assumir forma humana é incerta e a sociedade vive um clima de polarização. De um lado, nacionalistas querem exterminar os kaijin. Do outro, kaijins exigem direitos civis e igualdade de tratamento, visto que a maioria trabalha e vive vidas pacíficas.


Aoi Izumi é uma adolescente ativista dos direitos kaijin que ganha projeção na mídia e é recebida até pelo Primeiro-Ministro do Japão. Ela sonha com um mundo onde humanos e kaijins possam viver em harmonia.


Issamu Minami vive nas ruas fazendo trabalhos de mercenário, e esconde um segredo. Ele é um kaijin poderoso que, ainda criança, foi operado junto com seu melhor amigo, Nobuhiko Akizuki. Eles receberam, em uma cirurgia macabra (mostrada em detalhes), os cristais Kingstone.

Mantido cativo, Nobuhiko é alimentado com Heaven, um extrato milagroso extraído do Grande Rei Gorgom. Este, por sua vez, é um grande kaijin com aspecto de inseto. Ele está moribundo, quase inconsciente, e os sacerdotes precisam de um novo Rei, que surgirá com a união das pedras Kingstone. Graças aos nutrientes extraídos do corpo do Grande Rei, Nobuhiko preservou sua juventude, mas Issamu envelheceu normalmente, por se recusar a consumir esse produto. O reencontro de Issamu e Nobuhiko traz lembranças de um passado amargo.

Black Sun e Shadow Moon em suas formas básicas.

A narrativa alterna momentos do presente com o passado, com os jovens Issamu e Nobuhiko se envolvendo com um grupo de ativistas que prepara ações terroristas para defender a causa dos kaijin. Ambos se interessam pela garota Yuriko, uma das líderes do movimento. Execuções sumárias são mostradas dos dois lados, deixando claro que a polarização descambou para um ódio assassino.


O Primeiro-Ministro do Japão, Shinichi Dounami, é a grande mente diabólica por trás dos acontecimentos, sendo um manipulador habilidoso e sem qualquer tipo do escrúpulo. Sob suas ordens, humanos considerados descartáveis são usados para fabricar uma mistura chamada Heat Heaven, que combina fluidos do Grande Rei com carne humana processada. O resultado é um alimento, remédio e fortificante precioso para os kaijins. Enquanto isso, Nobuhiko quer a ajuda de Issamu para que matem o Grande Rei e destruam os Gorgom, que possuem uma fachada pública, na forma de um partido político de apoio ao governo de Dounami. Ele acredita que, com o fim do Grande Rei e dos sacerdotes, os kaijins poderão viver melhor. Envolvida em acontecimentos que não é capaz de entender no início, a jovem ativista Aoi se vê cercada de morte e violência, e isso irá causar mudanças profundas em seu ser.

ANÁLISE DA OBRA


Projeto ambicioso da Toei Company para comemorar a estreia de um de seus principais personagens da década de 1980, BLACK SUN foi também uma ousada aposta do diretor Kazuya Shiraishi, conhecido por obras densas e cheias de crítica social e mensagens políticas.


Diferente dos reboots e releituras de Hollywood, que têm desconstruído a imagem de obras e personagens do passado, BLACK SUN foi produzido com alguma reverência ao material clássico, apesar de trazer muita carga política para a história. Para dar credibilidade a seu projeto, Shiraishi selecionou um elenco de peso, com muitos veteranos e atores de grande carreira dramática, evitando rostos conhecidos das séries infantis da Toei.


A ação tenta ser bem realista, e a as lutas se assemelham a briga de rua com super poderes, nada de artes marciais ou belas coreografias, e sim lutas desesperadas com socos, chutes e mordidas. Mas, se a ação pode desapontar alguns, ao menos o elenco é bom? O astro Hidetoshi Nishijima (de Drive My Car e Shin Ultraman) interpreta um Issamu Minami cansado de sofrer, reunindo forças para cumprir o que ele considera sua missão de vida. Ele tem poucos momentos de intensidade, sendo um personagem bem diferente do Issamu da série clássica. Inicialmente aparentando ser insensível e abrutalhado, Issamu desenvolve grande afeto paternal pela garota Aoi, protegendo e orientando-a. A interpretação de Nishijima cresce bastante na segunda metade da série.

Os astros Hidetoshi Nishijima e Tomoya Nakamura

Nobuhiko é interpretado por Tomoya Nakamura, em uma grande e furiosa atuação como o homem destinado a ser o líder dos Gorgom. A personagem central do filme, no entanto, não é nenhum dos dois, pois é em torno de Aoi Izumi (a atriz Kokoro Hirasawa) que gira a ação, e é ela quem passa por uma dolorosa jornada de amadurecimento e transformação. Ainda uma menina de 14 anos, a atriz teve um desafio e tanto, e conseguiu fazer um bom trabalho. Apesar do elenco no geral funcionar bem, um ator que compromete é Takahiro Miura, que interpreta um Taurus inexpressivo e que não reflete a angústia do personagem, que passa por mudanças de lado e de postura ao longo da saga.


Produção totalmente para adultos, é cheia de violência explícita, com sangue e vísceras saltando na tela. No início, o diretor até disse que iria fazer uma série para os adultos que viram BLACK quando crianças, mas que esperava que as crianças de hoje também pudessem gostar. Obviamente, a ideia foi abandonada, e o horror gore marca a ação, enquanto os diálogos são carregados de política.


Além de sua carga ideológica, que aparentemente é só "luta contra o preconceito", mas esconde toda uma agenda política, o roteiro em si tem problemas de construção e de lógica. Num momento, as pedras Kingstone são colocadas na barriga de Issamu e Nobuhiko ainda crianças, mas aparentemente é fácil tirá-las como se estivessem no bolso, e nunca se explica direito isso. O lado místico do Grande Rei foi removido, e não faz sentido a operação mutante nos pequenos Issamu e Nobuhiko durante um eclipse solar.


A certa altura, é revelado que são três Kingstones, mas com a junção de dois é possível tentar ser aceito como Grande Rei. Várias incoerências aparecem, como a própria transformação completa, que acontece sem que se explique porque até então BLACK SUN e SHADOWMOON lutavam com suas formas básicas, que são menos poderosas. Atitudes imperdoáveis e traições são perdoadas e esquecidas facilmente, causando uma impressão ruim sobre a profundidade psicológica dos personagens.


Fica a impressão, após constatar tantos outros furos de roteiro, que a preocupação maior foi passar mensagens políticas e sociais, com ares de militância e favorecimento de uma visão progressista e revolucionária.

Issamu Minami: Kamen Rider BLACK SUN

O maior dos problemas de natureza política acontece na parte final da narrativa, quando aparecem personagens sobreviventes treinando uma milícia armada cheia de crianças. Vemos então crianças recebendo orientação e treinamento para lutar, usar uma faca para cortar a garganta do inimigo e até fabricar bombas caseiras. Ou seja, a mensagem da série é que, se a causa é nobre - e é dito "lutar contra o mal" - é lícito treinar crianças para cometer assassinatos e terrorismo.


A série explora o lado mais sombrio da sociedade, demoniza os nacionalistas como se fossem racistas xenófobos, covardes e estúpidos; valoriza o ativismo político adolescente e, ao validar o terrorismo, faz um aceno a cada grupo terrorista ou de ação violenta baseada na "luta contra as desigualdades". Para quem não é um esquerdista extremado, é algo abjeto o que foi feito na série. Há também um dilema moral para Issamu, que envelheceu por se recusar a se alimentar com extrato do Grande Rei, seja o puro ou o misturado com carne humana, mas ele aceita quando a situação chega no limite. É como sinalizar que "o fim justificam os meios", uma ideia que aparece mais de uma vez na história.


Obviamente, o fã médio só vai ficar vibrando com a hiper-violência, os momentos alusivos à série clássica, os easter eggs e vai engolir todo o discurso político. O diretor e o roteirista sabiam bem o que estavam fazendo.


A POLÍTICA EM BLACK SUN E NO MUNDO REAL


Olhando superficialmente, BLACK SUN é apenas uma obra que mostra a luta contra o racismo e o preconceito, apontando que o antagonismo entre Issamu e Nobuhiko lembra o conflito entre o Professor X e Magneto, da franquia X-Men. Porém, essa é uma leitura rasa, pois a história possui várias camadas e lida com coisas muito mais complexas e abrangentes. Como já é marca registrada do diretor Kazuya Shiraishi, a história tem forte conotação política, com paralelos no mundo real. No caso, a situação dos protestos kaijin lembra os conflitos existentes em países com grande afluxo de imigrantes refugiados de guerra ou da fome. Mas as coisas nem sempre são o que aparentam, ao menos em algumas passagens.


Em sua primeira fala na série, a personagem ativista pró-kaijin, Aoi Izumi, declara que "Minhas duas mães me amam...", o que pode soar como sendo algo ligado ao mundo LGBTQ, mas é apenas o fato dela ter uma mãe de criação que assumiu sua educação (e lhe deu seu sobrenome) quando seus pais viajaram para o exterior a fim de conduzir uma longa e perigosa pesquisa sobre os kaijin. Aoi Izumi, por ter 14 anos, funciona como uma similar na série da ativista ambiental Greta Thumberg, mostrando apologia ao ativismo juvenil, como se este trouxesse um senso de justiça inocente, quando na realidade, os mais jovens são os mais manipuláveis. A própria Aoi, a certa altura, reconhece que nada sabia das complexidades do mundo quando começou a praticar seu ativismo político. Greta Thumberg é um ícone dos movimentos ambientalistas que agem em sintonia com grandes interesses internacionais. [Nota: O tema é controverso, vale a pena estudar diferentes pontos de vista.]


Uma frase que a personagem Aoi repete muito, e que é um mantra dos ativistas dos kaijins, diz que a vida dos humanos e dos kaijins têm o mesmo valor, e eles superam o valor da Terra. Ou seja, ela não é ambientalista, visto que esta visão de mundo se preocupa em combater ações consideradas nocivas do Homem (visto como um perigo ao planeta), em oposição à ecologia, que busca harmonia entre a humanidade e a natureza.

O diretor Kazuya Shiraishi: Dramas humanos e ativismo político

Mas apesar de ponderações e situações moralmente complexas que aparecem, Shiraishi e o roteirista Izumi Takahashi mostram claramente um lado em suas escolhas e caracterizações. Agindo nas sombras, o Primeiro-Ministro Dounami é um dos vilões, um manipulador inescrupuloso. Aqui, vale algumas considerações.


Desde que o poder do imperador foi destituído no final da Segunda Guerra com a derrota do Japão perante os EUA, o país passou a ser uma monarquia constitucional parlamentarista, com a Família Imperial sem poder político algum, tendo apenas função cultural e diplomática. O poder é exercido pelo Primeiro-Ministro, escolhido no parlamento. E desde sempre, o cargo é ocupado por um representante do majoritário LDP - Liberal Democratic Party, tido como nacionalista e conservador, sendo também adepto do livre mercado.


Especialmente no período do pós-Guerra, quando havia interventores americanos no Governo Japonês, a esquerda japonesa sempre combateu o LDP, almejando proximidade com o Comunismo chinês em oposição ao Liberalismo americano (apesar da ligação forte entre o Liberalismo e o Comunismo). O LDP é historicamente apoiado pelas organizações mafiosas japonesas, uma relação sempre complicada. Para evitar polêmicas partidárias, os produtores optaram por chamar de "Partido Popular" a organização política do Primeiro-Ministro, mas a inspiração no LDP é clara. O Primeiro-Ministro Shinichi Dounami, um dos grandes vilões da série, é neto de outro Primeiro-Ministro, que teria aprovado pesquisas genéticas com prisioneiros de guerra na década de 1930. Isso alude à temida Unidade 731, divisão do Exército Imperial Japonês que realizou experimentos letais com cobaias humanas durante a Guerra Sino-Japonesa e a Segunda Guerra Mundial. O tema é delicado e polêmico até hoje no Japão, pois envolve crimes de guerra de um país mais associado à ideia de vítima do conflito.


A figura do personagem Dounami foi claramente inspirada em Shinzo Abe (1954~2022), o ex-Primeiro-Ministro do Japão que era, de fato, neto de outro Primeiro-Ministro, no caso Nobusuki Kishi (1896~1987). Ele foi acusado de ser criminoso de guerra, tendo servido com altos cargos administrativos ao Governo durante a Segunda Guerra. Ele teve atuação destacada na região da Manchúria, exatamente o local das hediondas experiências da Unidade 731. Shizo Abe sempre negou as acusações que pairavam sobre seu avô, tendo sido muito odiado pela esquerda japonesa.

Abe foi assassinado em julho de 2022, quando a série de BLACK SUN já estava filmada, e as alusões negativas a ele tão pouco tempo após sua morte não devem ter repercutido bem entre os apoiadores do LDP. Esse detalhe, bem como muitos outros, foram inspirados em casos da política local japonesa e passam despercebidos ao grande público ocidental.

Anúncio da réplica do cinto de transformação, lançado pela Bandai.

Por ser um povo que se desenvolveu ocupando de modo racional um terreno reduzido e sujeito a grandes desastres naturais, o senso de solidariedade e capacidade de convivência que se vê no Japão geralmente é visto como modelo. Mas lembre que há na história do Japão muitos casos de protestos com confrontos violentos de motivação política, e também muitos assassinatos, mas esses casos são mais exceções do que a regra geral, que tende a uma convivência mais civilizada. Isso, mais a famosa discrição nipônica, contribuem para que as pessoas em geral não tenham o grau de militância política polarizada e raivosa que se vê no Brasil e nos EUA, por exemplo.


A classe artística japonesa é, ora neutra (a posição mais comum) ora de esquerda, sendo que o conservadorismo japonês segue a premissa de permitir gradualmente mudanças sociais (mesmo as grandes, como a emissora estatal NHK ensinar ideologia de gênero às crianças), ao mesmo tempo em que busca valorizar as tradições e o patriotismo. Nunca é fácil traçar o perfil político de um país estrangeiro, e o erro mais comum é julgar de acordo com a situação de seu próprio país.


A situação política japonesa difere muito do ocidente, e o tradicionalismo lá não tem ligação alguma com valores cristãos que moldaram as tradições do Ocidente. Então julgar o que acontece lá com os parâmetros daqui pode levar a grandes equívocos. Porém, é inegável que os criadores de BLACK SUN fizeram seu ativismo político visando o público internacional, com viés progressista, valorizando a ONU. VEREDITO FINAL

A proposta de atualização da série parece ter atingido seu objetivo, pois as reações iniciais têm sido muito favoráveis. O teor político é bastante exacerbado, mas este só agrada em cheio aos adeptos do progressismo globalista. Há muitos elementos da série clássica reimaginados, e algumas referências bem legais, como a participação do monstro Baleia, que deve empolgar os fãs antigos. A canção-tema da série clássica também é tocada, mas só no último capítulo.

A violência é vista em um nível gore, com sangue e tripas, sendo que a primeira cena da série mostra um Issamu ainda criança sendo operado a sangue-frio em uma das cenas mais brutais já vistas, com uma crueza de realismo que só pode divertir a um sádico. É uma violência chocante, desnecessária, e muitos fãs confundem violência explícita com maturidade, quando é o contrário. Exaltar violência extrema como virtude de uma obra adulta só indica imaturidade por parte de quem assiste e sente necessidade de validar seu gosto com algo mais pesado.

Nobuhiko Akizuki: Kamen Rider SHADOWMOON

Como já foi explanado, o diretor e o roteirista apresentam situações complexas que muitas vezes não são o que aparentam, mas eles têm lado e carregam mentalidade revolucionária. Os nacionalistas são tratados como bestas ignorantes e selvagens, enquanto a ideia de um Japão capaz de se defender por conta própria é associada com o mal. E tantas complexidades, para no final, mostrarem como algo justo treinar crianças para uma luta armada, inclusive ensinando a uma garotinha como se corta uma garganta com uma faca. Ao que parece, terrorismo e assassinato usando crianças como soldados são justificáveis quando a causa é nobre, segundo os autores da série. Há também uma referência ao caso George Floyd, o afro-americano morto em uma ação policial em 2020 e que se tornou mártir da luta contra o racismo. Em vários momentos, o alvo é o ativismo político internacional, indo na direção de causas defendidas por pessoas e grupos identificados com a esquerda.


Kazuya Shiraishi e o roteirista Izumi Takahashi representam a antítese de Hideaki Anno, que com seus filmes Shin Godzilla e Shin Ultraman, mostrou um Japão submisso a forças internacionais que luta para ser capaz de se defender como nação. De coisas em comum, tanto Shiraishi quanto Anno mostram que os políticos só se preocupam com dinheiro, poder e controle sobre a vida das pessoas.


Em BLACK SUN, o nacionalista (sempre visto à direita no espectro político) é visto como alguém perigoso e nocivo, sem nenhuma ressalva sobre algo positivo (e é esse maniqueísmo que faz a obra ser panfletária). Kamen Rider BLACK SUN não é exatamente uma obra lacradora, pois geralmente isso é associado a situações ridículas, mas ela conduz de forma astuta e panfletária o público a seguir uma certa linha de raciocínio pontuada de visões de esquerda. Como peça de propaganda política, é muito mais eficiente do que qualquer série da Marvel.

No geral, há algumas boas atuações, a produção é competente, a trilha sonora é bonita e a série tem alguns bons momentos, mas o balanço final, na opinião deste que vos escreve, é negativo. Concluir a obra valorizando treinar crianças para serem assassinas é algo abjeto, mesmo que se diga que aquilo seria uma referência mais hardcore aos soldados mirins que aparecem na série original lutando contra os monstros Gorgom (até por que o contexto em BLACK SUN é outro). Por isso, valores bons como a resiliência, senso de dever, proteção aos mais fracos e outras virtudes demonstradas acabam se perdendo. Tensa, cinzenta e depressiva, poucas vezes uma série de tokusatsu foi tão longe em explorar temas políticos de forma tão intensa e panfletária. Isso raramente gera uma obra boa e intelectualmente honesta, e não gerou desta vez.

::: FICHA TÉCNICA :::

Kamen Rider BLACK SUN ~ 仮面ライダーBLACK SUN

Estreia mundial: 28/10/2022 (Prime Video)

Total: 10 episódios (entre 37 e 45 min. cada)

Classificação indicativa: Para adultos (+18)


EQUIPE DE PRODUÇÃO


Criação: Shotaro Ishinomori (mangá original)

Roteiro: Izumi Takahashi Character design: Daisuke Kobayashi

Trilha sonora: Kenta Matsukuma Conceito visual: Shinji Higuchi Direção de arte: Tsutomu Imamura

Efeitos especiais: Kiyotaka Taguchi

Direção: Kazuya Shiraishi

Produção: Kadokawa Daiei Studio

Realização: Toei Company, Kamen Rider BLACK SUN Project

Kokoro Hirasawa: Grande desafio de carreira aos 14 anos

ELENCO


Issamu (Kotaro) Minami/ Kamen Rider BLACK SUN (voz): Hidetoshi Nishijima

Nobuhiko Akizuki/ Kamen Rider SHADOWMOON (voz): Tomoya Nakamura

Aoi Izumi: Kokoro Hirasawa

Taurus (Bilgenia): Takahiro Miura

Danker (Darom): Nakamura Baijaku

Pérola (Bishium): Yo Yoshida

Baraom: Pretty Ohta

Shunsuke Komatsu: Kenjo Kimura Primeiro-Ministro Shinichi Dounami: Lou Ohshiba

Isao Nimura: Toshinori Omi Koumori Kaijin: Takuma Otoo

Nomi Kaijin: Daisuke Kuroda Baleia Kaijin: Gaku Hamada

Nick: Jua Misaki Izumi: Fusako Urabe Issamu jovem: Aoi Nakamura

Yukari Shinjo: Haruka Imou

Oliver Johnson: Moctar

Danker jovem: Nao Okabe Pérola jovem: Mana Sakurai

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