O clássico que reuniu pela primeira vez os dois mais famosos monstros gigantes do cinema.
As megaproduções de Hollywood envolvendo Godzilla, e o chamado Monsterverse do estúdio Legendary Pictures levaram a franquia do Rei dos Monstros a um prestígio global sem precedentes, desde que começou em 2014. Com Godzilla vs Kong, em 2021, o público pôde conferir, com efeitos visuais de ponta, uma versão realista de um clássico originário de tempos mais ingênuos. Afinal, era a segunda vez que os dois mais famosos monstros gigantes da cultura pop se enfrentavam, sendo que a primeira foi na distante década de 1960.
King Kong vs Godzilla (ou "King Kong tai Gojira") estreou no Japão em 11 de agosto de 1962, desenvolvido pela Toho Company. Com direção de Ishiro Honda, o filme custou 150 milhões de ienes e arrecadou pouco mais de 350 milhões, um valor que hoje seria equivalente a mais de 3,2 milhões de dólares. Para os padrões japoneses da época, foi um enorme sucesso comercial.
Na trama, a equipe de um submarino presencia o despertar de Godzilla, que segue para terra firme, causando grande pânico no Japão. Do outro lado do mundo, a equipe de uma indústria farmacêutica que pesquisava plantas medicinais na ilha remota de Faro acaba encontrando o poderoso King Kong. Eles planejam capturá-lo para usar em um grande evento publicitário, o que dá errado. Como um destino inevitável, os dois titãs se encontram e lutam ferozmente.
Entretanto, o poder deles não é equiparado, com o grande lagarto levando vantagem com suas rajadas de energia. Na verdade, nem o tamanho deles seria equivalente. Originalmente, Godzilla teria cerca de 50 metros de altura, enquanto o King Kong do filme original de 1933 tinha cerca de 7 metros de altura, aumentando consideravelmente em versões posteriores. Nesse filme, eles simplesmente são do mesmo tamanho e a luta deles mostra a superioridade de Godzilla. Porém, a versão japonesa de Kong tem uma vantagem extra, que é a força do gorila aumentar exponencialmente em contato com eletricidade, que é exatamente algo que fere seu inimigo.
Lutando em meio a uma tempestade elétrica, Kong se fortalece e vira o rumo da batalha decisiva. Ao caírem no mar enquanto lutam, somente Kong sobe à superfície e vai embora, sendo considerado o vencedor.
Em 1963, o filme foi lançado nos EUA pela Universal International, onde foi bastante alterado. Várias cenas de humor foram cortadas, foram incluídas cenas com atores ocidentais, foi criada uma locução que não existia no original, fizeram mudanças em alguns acontecimentos e foram inseridas cenas de outras produções para mostrar mais destruição.
Fora isso, a trilha sonora de Akira Ifukube (compositor do icônico tema de Godzilla) foi substituída por trechos de músicas de filmes ocidentais mais antigos. Na época, tal procedimento já era bem conhecido, pois o filme do Godzilla original (1954) já havia sido exibido nos EUA como Godzilla King Of Monsters (1956) com várias modificações e acréscimo de atores ocidentais.
A versão americana de King Kong vs Godzilla, nos diálogos e edição de som, dá a entender que Kong venceu de forma incontestável; mas no original japonês, os humanos se perguntam se Godzilla estaria mesmo morto. Então, antes dos créditos subirem, é ouvido o rugido da criatura. Esse som foi apagado da versão vista nos EUA, tirando a chance de dúvidas sobre a morte da criatura. Na época, uma revista americana criou o boato (que durou anos) de que a versão japonesa mostrava Godzilla vencendo, o que não era verdade.
Curiosamente, esse foi o terceiro filme de ambas as criaturas. King Kong estreou em 1933, em um aclamado filme de efeitos especiais dirigido por Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack. A primeira sequência veio no mesmo ano, com The Son of Kong, uma produção pouco conhecida. E Godzilla, após o clássico de 1954, teve sua primeira sequência um ano depois, em 1955. O encontro dos monstros iria resgatar ambos como ícones da cultura pop mundial. No Brasil, chegou a ser exibido nos cinemas (versão EUA), e depois foi exibido na TV Record até meados da década de1980.
Apesar de excelente diretor, Ishiro Honda estava em uma fase pouco inspirada, sem que os gigantes transmitissem grandiosidade como em outros filmes que ele próprio dirigiu. O filme ficou bastante datado, seja pelos efeitos especiais, seja pelo ritmo arrastado ou falta de atmosfera, melhorando só na luta final. Isso não impediu que fosse a maior bilheteria de Godzilla no Japão, por muito tempo.
Alguns anos depois, em 1966, a Toho e a Rankin/Bass lançaram uma série em animação de King Kong e, em 1967, veio o filme A Fuga de King Kong, a terceira e última produção japonesa do gorila. Todas essas três versões de King Kong feitas no Japão dos anos 60 foram exibidas na TV brasileira ao longo dos anos 70, principalmente.
Para os fãs de tokusatsu antigo, que reconhecem o charme das produções dos anos 60, a película King Kong vs Godzilla ainda é uma obra divertida e despretensiosa.
Trailer oficial:
::: FICHA TÉCNICA :::
KING KONG vs GODZILLA
Título original: King Kong tai Gojira ~ キングコング 対 ゴジラ
Estreia no Japão: 11/08/1962
Duração: 97 min
Emissora no Brasil: TV Record
EQUIPE DE PRODUÇÃO
Roteiro: Shinichi Sekizawa
Efeitos especiais: Eiji Tsuburaya
Trilha sonora: Akira Ifukube Efeitos sonoros: Sadamasa Nishimoto
Direção: Ishiro Honda
Produção: Tomoyuki Tanaka Realização: Toho
ELENCO ORIGINAL
Osamu Sakurai: Tadao Takashima
Kazuo Fujita: Kenji Sahara
Kinzaburo Furue: Yu Fujiki Shigesawa : Akihiko Hirata
Fumiko Sakurai: Mie Hama
Tamie : Akiko Wakabayashi
Diretor Tago: Ichirou Arishima
Comandante do Exército: Jun Tasaki King Kong (suit actor): Shouichi Hirose
Godzilla (suit actor): Haruo Nakajima
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