Um herói defensor das crianças em uma série leve e simpática.
A série Machine Man estreou no Brasil em 1990 na TV Bandeirantes, ao lado de Goggle 5, durante o período da grande febre por super-heróis japoneses deflagrada em 1988 por Jaspion e Changeman na extinta TV Manchete. Era um personagem diferenciado, parecendo uma mistura de super-herói americano (roupa colante, capa e parte do rosto à mostra) e japonês (capacete, colete metálico, habilidades acrobáticas). Logo no primeiro episódio, referências ao Superman clássico do cinema, com o herói tirando os óculos antes de se transformar. O enredo era bastante simples e, por isso mesmo, agradou o público infantil da época. A trama era a seguinte:
Nikku é um estudante espacial, vindo do planeta Ivy, localizado no sistema estelar das Plêiades. Chega ao Japão a fim de começar a estudar o povo da Terra como parte de sua pesquisa, assumindo a identidade de Ken Takase. Seu companheiro de missão é o mini-robô computadorizado Ball Boy, com a aparência de uma bola de beisebol.
Pouco tempo depois de chegar a Tóquio, o visitante espacial conhece a charmosa, porém desastrada, repórter fotográfica Gunko Hayama, que logo desperta seu interesse. Mas ele também conhece a organização Tentáculo, um grupo criminoso cujo líder, o Professor K, é um tanto excêntrico em seus objetivos. Alérgico a crianças, gosta de fazê-las chorar e criar planos mirabolantes para causar confusão na sociedade.
Ken sempre salva a situação transformando-se em Machine Man, um super-herói dotado de grande força e agilidade, que utiliza uma espada especial, uma pistola de raios e pode invocar o mini-carro Machine Dolphin, que muda de configuração e pode voar como um jato. Porém, as coisas ficam perigosas quando o Tentáculo usa seus soldados-robô, programados para exterminar seus alvos.
Quando o Tentáculo é derrotado e seu líder foge, surge outro grupo similar, chamado Polvo, que é liderado por Lady M, sobrinha do Professor K. Também alérgica a crianças, ao invés de espirrar como seu tio fazia, ela fica com o nariz vermelho. Nada de impérios do mal querendo conquistar a Terra, seitas de monstros milenares ou criminosos sanguinários; pois no mundo estilizado de Machine Man, a grande ameaça são vilões que se aborrecem ao ver crianças felizes.
O personagem otimista e que transbordava honestidade e vontade de proteger os mais fracos era um modelo inspirador para qualquer criança. Mesmo os vilões, com seus planos mirabolantes para fazer crianças chorarem ou para causar confusão, não eram exatamente maus e nem assassinos psicóticos. Os robôs inimigos enviados para enfrentar Machine Man eram ameaçadores e atacavam com seus poderes especiais, mas nunca conseguiam ferir de verdade alguém. As lutas seguiam o padrão Toei da época, com saltos acrobáticos e lutas de espada, mas nada muito visceral.
O tom da série era mais infantil do que a média, e seus episódios ofereciam um entretenimento simples e sem grandes pretensões, com lutas estilizadas e sem sangue, coisas que até nas séries Super Sentai aparecia em momentos mais dramáticos e violentos. Mas, se o tom das histórias era leve e despretensioso, a equipe de produção e elenco trabalhavam com muita seriedade, a começar pelo ator principal, uma excelente escolha dos produtores.
O protagonista da série, Osamu Sakuta, nasceu em 9 de julho de 1958 e teve uma carreira extensa e versátil. Estreou na TV em 1971, ainda adolescente, na série Spectreman, no arco "A ameaça do antigo Egito" (eps. 38 e 39), tendo participado também de episódios de Kamen Rider, Barom 1, Kikaider, Comet San. Aos poucos, se consagrou como ator em diversos dramas para TV e cinema. Também foi ator vocal em animês e dublador, tendo feito vozes para muitos filmes e seriados estrangeiros lançados no Japão. Faleceu em 4 de dezembro de 2020, aos 62 anos, vítima de câncer.
Outro nome famoso da série, Kiyomi Tsukada é mais conhecida pelo público brasileiro como a andróide Anri de O Fantástico Jaspion (1985). Ela, que veio ao Brasil para o Anime Friends 2023, teve uma carreira intensa entre 1982 e 1995, quando saiu da área artística para se tornar professora. Outro nome conhecido do público brasileiro, no entanto, participou apenas como a atriz vocal que deu vida ao robozinho Ball Boy. Foi Machiko Soga (1938~2006), que se tornaria mundialmente famosa como a Rita Repulsa original de Power Rangers e atuou como a vilã Aracnin Morgana em Jiraiya - O Incrível Ninja, entre vários outros papéis marcantes. Mas o nome mais respeitado no elenco era o do ator Hideyo Amamoto (1926~2003), no papel do Professor K. Grande veterano da TV e do cinema atuou em quatro filmes de Godzilla e, em 1967, foi o vilão Dr. Fu em A Fuga de King Kong ("King Kong no Gyakushuu", de 1967). Na franquia Kamen Rider, interpretou o vilão Dr. Shinigami em vários episódios do Rider original (1971) e também em Kamen Rider V3 (1973). Amamoto teve uma longa carreira, atuando em muitos filmes, dramas e séries.
Seiun Kamen Machine Man ("Máscara Nebulosa Machine Man") teve conceitos do lendário Shotaro Ishinomori (1928~1998) foi mais um dos projetos no qual ele pouco se envolveu além de delinear um enredo básico. O grande mestre do mangá, quase como uma diversão, também escreveu a letra de algumas canções da série, incluindo o marcante tema de abertura cantado pelo grande MoJo.
O visual inicial do herói foi esboçado por Ishinomori, mas foi trabalhado e definido por Katsushi Murakami, uma imposição da patrocinadora Bandai, que iria produzir os brinquedos da série. Desde os primeiros esboços de Ishinomori, a ideia era mostrar parte do rosto, para deixá-lo mais humano. O ponto de partida para a série, no entanto, surgiu a partir de uma abordagem de Katsushi Murakami ao produtor Susumu Yoshikawa, sugerindo que poderiam fazer algo próximo da famosa linha de brinquedos da Bandai chamada Machine Robo.
A Toei disponibilizou alguns de seus melhores profissionais, incluindo diretores como Shohei Tojo e Takeshi Ogasawara e roteiristas como Shozo Uehara e Susumu Takaku. O resultado foi uma série que ofereceu exatamente o que os produtores queriam, com enredo simples, muita ação e humor. Esses elementos da série, além da ligação com veículos especiais, foram mantidos para o que foi considerado nos bastidores uma sequência informal, no caso a série Bicrossers, também exibida no Brasil.
Com passagem em diferentes emissoras nacionais, o herói teve uma versão em quadrinhos oficial produzida por autores brasileiros em 1991, com duas edições lançadas pela editora EBAL. Leve e despretensiosa, Machine Man foi uma série que deixou boas recordações para seu público, onde quer que tenha sido exibida.
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::: E X T R A :::
- Vídeo do Canal Túnel do Tempo TV abordando a trajetória dos super-heróis lançados no Brasil pela Oro Filmes:
::: FICHA TÉCNICA :::
MACHINE MAN Título original: Seiun Kamen Machine Man ~ 星雲仮面マシンマン
Estreia no Japão: 13/01/1984 (Nippon TV) Número de episódios: 35 + 1 episódio resumo Emissoras no Brasil: TV Bandeirantes (Band), TV Guaíba, TV Record, NGT
EQUIPE DE PRODUÇÃO
Criação: Shotaro Ishinomori Cooperação de planejamento: Ishimori Productions
Roteiro: Shozo Uehara, Keita Izumizaki, Susumu Takaku, Noboru Sugimura e outros
Trilha sonora: Yuji Ohno Design de personagem (Machine Man): Katsushi Murakami (BANDAI)
Diretor de Ação: Minoru Yokoyama (Japan Action Club) Efeitos visuais: Den Film Effect Diretor de efeitos especiais: Nobuo Yajima
Diretores: Takeshi Ogasawara, Shohei Tojo, Michio Konishi, Atsuo Okunaka, Saburo Yatsude
Responsável pela produção: Murao Ohara
Produtores: Susumu Yoshikawa, Seiji Abe, Jun Hikasa (Toei), Tooru Horikoshi (TV Nihon, não creditado oficialmente)
Realização: Toei
ELENCO
Ken Takase/ Nikku: Osamu Sakuta
Maki Hayama (Gunko): Kiyomi Tsukada
Masaru Hayama: Kazuhiko Ohara
Ball Boy (voz): Machiko Soga
Editor-chefe Arata: Han Eto
Rumiko Matsumoto: Yuko Murakoshi
Misa Kosugi: Emika Hata
Professor K: Hideyo Amamoto
Lady M: Chiaki Kojo
Homem de Ferro Monsu (voz): Nori Nishio
Tonchinkan: Usaburo Ooshima
Narrador: Osamu Kobayashi
Machine Man (suit actor): Jun Murakami, Osamu Sakuta Dublês e suit actors: Samurai Racing
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