Um dos maiores e mais influentes clássicos do cinema japonês.
No Japão feudal, mais precisamente em 1586, durante o chamado Período Sengoku (1467 ~ Final do século XVI), é ambientada uma das mais famosas obras do cinema japonês. O Período Sengoku foi um tempo de grande instabilidade política, com guerras acontecendo entre diversos clãs, em batalhas sangrentas que iniciaram o uso de armas de fogo, especificamente o arcabuz, que foi introduzido no país após o contato com os portugueses, que se iniciou em 1543.
Muitos vilarejos viviam na pobreza, sem qualquer tipo de amparo ou proteção. É em uma vila desse tipo que as pessoas vivem com medo, pois de tempos em tempos, o Nobushi, um grande grupo de ladrões, saqueia a cidade, roubando a colheita da lavoura e até sequestrando mulheres. São assassinos impiedosos, e a iminência de uma nova colheita faz o medo atingir um grau desesperador entre a população de agricultores. Até que Rikichi, um dos moradores, assume a missão de tentar contratar, em troca de comida, alguns samurais que se dispusessem a enfrentar o bando, que chegava a quarenta malfeitores.
A esperança dos aldeões é conseguir apelar a alguns ronin, ou seja, samurais sem mestre que viviam como andarilhos, geralmente após o clã ao qual serviam ter caído em desgraça.
O primeiro a aceitar a oferta dos aldeões é Kanbei Shimada, um guerreiro experiente e um líder nato. Tendo aceitado a oferta ao se sentir penalizado pela situação da vila, Shimada começa a recrutar um grupo.
Katsushiro Okamoto, o mais jovem do grupo, é um rapaz inexperiente oriundo de uma família de samurais. Entusiasmado e de boa-vontade, é aceito como discípulo por Shimada. Gorobe Katayama, um guerreiro vivido e habilidoso, traz grande segurança para o líder, que o respeita muito. Outro samurai experiente é o silencioso Kyuzô, um espadachim de técnica mortífera e de temperamento austero.
Shichiroji, hábil na luta com lanças, é o homem de confiança de Shimada, pois já lutaram lado a lado no passado e se reencontram por acaso. Heihachi Hayashida, um espadachim de pouca habilidade, que fazia bicos como lenhador, é outro a ser recrutado, sendo um homem de bom humor e que ajuda a manter a confiança do grupo.
Completando a equipe, o sétimo integrante é Kikuchiyo, um andarilho de origem humilde que nunca foi um samurai, mas sonhava em ser um. De temperamento extremado, espontâneo e brincalhão, Kikuchiyo se torna o coração do grupo.
A relação dos sete com os aldeões é por vezes tensa, visto que muitos temem os guerreiros, por terem sofrido na mão de outros samurais no passado. Um deles, Manzou, chega a cortar o cabelo de sua bela filha Shino, além de fazer ela se vestir de homem, a fim de não atrair os olhares dos samurais que deveriam proteger a vila.
Filho de camponeses, Kikuchiyo sabia a exata medida do quanto alguns samurais podiam ser cruéis, soberbos e injustos, enquanto Shimada e Kyuzô eram a representação do lado mais nobre dessa casta guerreira.
Conforme se aproxima o iminente ataque dos Nobushi, o líder Shimada traça a estratégia de defesa da aldeia, que inclui ensinar vários agricultores a usar lanças para ataques de emboscada. O ataque dos criminosos finalmente acontece, enquanto cai uma chuva torrencial, eclodindo uma grande luta pela sobrevivência.
O filme foi lançado em 1954, talvez o ano mais importante para a História do cinema japonês. Em novembro do mesmo ano, foi lançado o primeiro filme de Godzilla, que também se tornaria um ícone mundial e influenciaria muitas outras produções. 1954 também foi o ano do primeiro filme da trilogia Musashi no cinema, também produzido pela Toho e que venceria o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na premiação de 1955. Os Sete Samurais venceria o Leão de Prata (na época, equivalente ao segundo lugar) no prestigiado Festival de Veneza em 1954, um dos mais importantes festivais de cinema no mundo. De produção cara, longa e complexa, foi um dos mais ambiciosos projetos da carreira de Akira Kurosawa (1910~1998), que precisou de muitos esforços nos bastidores, inclusive para convencer a diretoria da Toho Company a confiar em seu trabalho. Um dos maiores cineastas de todos os tempos, Kurosawa foi uma das grandes influências para George Lucas na criação de Star Wars. No Brasil, foi exibido em antigos cinemas da colônia japonesa na época de seu sucesso mundial. Também foi transmitido em TV aberta, como na TV Cultura, e teve lançamentos em VHS e DVD (Europa Filmes), sempre com muitos elogios da crítica especializada.
A grandiosa e complexa batalha decisiva foi gravada em meio a um temporal de modo não programado. Inicialmente, a equipe de produção ficou esperando que a chuva parasse, mas os dias foram passando e, com o prazo de filmagens já estourado, Kurosawa encarou o desafio de filmar a ação na chuva, algo que se tornaria uma especialidade. Posicionando até três câmeras para cada tomada de cena, Kurosawa e sua equipe deram um verdadeiro show de técnica, impressionando o mundo.
Encabeçando o elenco de Os Sete Samurais, dois dos maiores atores do cinema japonês: Toshiro Mifune (1920~1997) e Takashi Shimura (1905~1982). Toshiro Mifune é o ator japonês mais celebrado do cinema mundial, tendo feito diversos filmes com Kurosawa, como Rashomon (1950) e Yojimbo (1961). No fatídico ano de 1954, Mifune estrelou tanto Musashi quanto Os Sete Samurais, enquanto Shimura atuou em Os Sete Samurais e Godzilla.
Sendo um filme que encantou e emocionou gerações, Os Sete Samurais inspirou várias produções direta ou indiretamente, sendo a primeira e mais famosa o clássico do western Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven, 1960), entre outros filmes.
Entre as obras da cultura pop influenciadas por esse icônico longa de Kurosawa, houve também uma série em animê e mangá chamada Samurai 7, que levou a trama para um futuro pós-apocalíptico.
A influência de Os Sete Samurais na cultura popular mundial é até difícil de ser mensurada. Dramático, grandioso e tecnicamente impressionante para a época em que foi produzido, sua história, atuações e apuro visual atravessam gerações.
Confira também:
- Uzumasa Limelight - Uma homenagem ao cinema Chanbara
- Hagakure - O Livro do Samurai - Samurai 7 - O mangá - Artes Marciais - Série em 3 partes com Evandro Pontes no Bacon Podcast
Trailer moderno, feito para o relançamento do filme nos EUA em 2021:
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::: FICHA TÉCNICA :::
OS SETE SAMURAIS
Título original: Shichinin no Samurai ~ 七人の侍
Título internacional: Seven Samurai
Estreia no Japão: 26/04/1954 Duração: 207 minutos
EQUIPE DE PRODUÇÃO
Roteiro: Akira Kurosawa, Shinobu Hashimoto, Hideo Oguni
Trilha sonora: Fumio Hayasaka
Direção de arte: Takashi Matsuyama
Fotografia: Asaichi Nakai
Iluminação: Shigeru Mori
Assistentes de direção: Hiromichi Horikawa (Chefe), Sakae Hirosawa, Taira Tamami, Satoshi Kaneko, Katsuya Shimizu
Direção: Akira Kurosawa
Produtores: Sojiro Motoki, Hiroshi Nezu
Realização: Toho Company
ELENCO
Kanbei Shimada: Takashi Shimura
Kikuchiyo: Toshiro Mifune
Katsushiro Okamoto: Isao Kimura
Gorobee Katayama: Yoshio Inaba
Shichirouji: Daisuke Katô
Heihachi Hayashida: Minoru Chiaki
Kyuzô: Seiji Miyaguchi
Shino: Keiko Tsushima
Rikichi: Yoshiyo Tsuchiya Manzou: Kamatari Fujiwara Youhei: Bokuzen Hidari Esposa de Rikichi: Yukiko Shimazaki Gisaku (Vovô): Kuninori Koudou Líder dos Nobushi: Shinpei Takagi
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