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O Pirata do Espaço

Um super robô que marcou a estreia da antiga e saudosa TV Manchete.

Pirata do Espaço, um clássico dos animês de robôs gigantes.

Quando a TV Manchete estreou, em junho de 1983, veio com um pacote de desenhos animados inéditos no programa Clube da criança, apresentado por uma iniciante Xuxa, na época mais famosa como a modelo que namorava o Pelé. Com pouco a fazer além de repetir brincadeiras com crianças pequenas entre um bloco e outro, a apresentadora anunciava diversos desenhos, sendo que o preferido da garotada era um animê sobre um robô gigante e seus intrépidos pilotos.


Exibido numa época em que eram escassas as produções japonesas na TV brasileira, a série marcou época e foi uma das primeiras atrações de destaque em uma emissora que se tornaria famosa por exibir grandes séries japonesas, tanto de animê quanto de tokusatsu.


Joe Kaisaka e Rita Yan eram os pilotos da nave-robô Pirata do Espaço, que defendia a Terra da ameaça dos invasores espaciais do Império Gailar, vindos de um planeta distante a bordo da nave Gelmus. A gentil e corajosa Rita era uma traidora do Império, que fugiu levando consigo o Pirata do Espaço, construído por seu pai, o Professor Yan. Acolhida pelo sábio Professor Tobishima e sua equipe de pilotos da ilha Akane, Rita torna-se parceira do impetuoso às da aviação Joe Kaisaka. No comando do Pirata do Espaço, a dupla iniciou uma luta sem trégua contra os invasores gailarianos.

Capa do DVD Box lançado no Japão.

A forma básica do Pirata do Espaço consistia em uma grande aeronave de armamento pesado. Quando necessário, assumia a forma de um robô de batalha humanoide. Suas armas principais eram o raio Bola de Fogo (emitido das antenas), o Raio Sônico (disparado de um cristal entre os olhos), o raio Arco-Íris Pirata (da boca), as Metralhadoras Pirata (alojadas nos ombros) e o fulminante Torpedo Voador (acomodado no tórax e usado quase sempre na forma jato). Ainda possuía em seu interior três mini-veículos: o Tubarão, o Tanque e o Jato Pirata, que podiam também ser pilotados por outros membros da Equipe Tobishima.


Da Base Akane, o Pirata decola a partir de uma pista com um prolongamento que emergia do mar. Depois, ao longo da série, a nave passaria a decolar de dentro do mar, saindo por um túnel submarino.


Os ataques do império sempre começavam com o cargueiro voador Gelmus lançando de seu interior um robô-bomba sobre alguma cidade. Estes eram sempre naves, que não necessariamente possuíam forma de robô. Cada um carregava um arsenal de projéteis que transformavam as cidades em campos de batalha flamejantes. O horror da guerra, com suas numerosas baixas civis, incluindo crianças, era mostrado com crueza e dramaticidade.


Sob as ordens do Imperador Geldon, o Doutor Golem e o General Daggar (depois substituído pelo Marechal Dogus) organizavam planos mirabolantes para subjugar as forças armadas do Japão e o Pirata do Espaço, a fim de ocupar o país e de lá iniciar a conquista do mundo.

O Pirata do Espaço em sua forma básica de espaçonave de combate.

O tom geral era bem dramático, uma característica das séries de heróis nos anos 70 e isso transparecia a todo momento, com um nível de violência impensável hoje para uma série voltada ao público infantil.


Uma das tramas paralelas mostrava o garoto Massato, cuja família fora morta num ataque do Império Gailar. Revoltado e aprendendo a controlar sua ira, o garoto é levado por Joe a bordo do Pirata em busca de vingança, como um ajudante de armamentos. Mas após vários episódios, o menino morre de câncer, desenvolvido por causa do mesmo bombardeio radiativo que vitimou seus pais.


A situação de Massato lembrava a de muitas crianças que morreram em decorrência da radiação das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial, mesmo tendo sobrevivido ao bombardeio em si. A radiação das bombas faria muitas vitimas ao longo do tempo, fato que é relembrado na série, sem atenuantes por ser uma série infantil.

Em outro episódio, Rita quase volta ao Império, chamada por um antigo namorado. No entanto, ela resiste aos apelos e acaba matando o ex em pleno combate.


Na equipe Tobishima, além de Joe e Rita, havia também o mecânico Ippei, o veterano da Segunda Guerra, o velhinho atrapalhado Baku, o aprendiz Sabu e o rabugento Gen, que, no começo, era sempre rejeitado. A equipe de apoio era essencialmente cômica, o que aumentou o impacto dado nos episódios finais, quando o velhinho Baku sacrificou para impedir que o Pirata do Espaço fosse roubado, depois de violento ataque inimigo contra a Base Akane.

Joe e Rita, na cabine de comando do Pirata do Espaço.

A saga culmina com a tentativa de resgate do pai de Rita e o surgimento do super-robô Gailar 5, comandado pelo mestre inimigo, o Imperador Geldon. Mesmo com a vitória sobre ele (após uma batalha apoteótica) e o resgate efetuado, a série termina de modo denso e dramático. Joe e Rita se amam, mas o relacionamento dos dois nunca é consumado e a despedida no final é melancólica, uma característica da época, onde os heróis eram mais sofridos e os finais, mais grandiosos.


No Japão, Pirata do Espaço foi uma criação menor do estúdio Dynamic Pro, do desenhista Go Nagai, veterano de histórias violentas e polêmicas. O autor é famoso no Japão principalmente por suas obras Mazinger Z, Cutie Honey e Devilman.


A produção, mesmo para a época, era descuidada e repleta de erros de edição, sincronia e até de proporção nas figuras. Já a trilha sonora era eletrizante, com ênfase nos temas de ação. Na época, por motivos não esclarecidos, fora omitido o nome do compositor Kuni Kawachi, responsável pelo BGM (background music) e pela composição das canções de abertura e encerramento, ambas com letra do próprio Go Nagai. A trilha também reaproveitou músicas das séries Astroganger (compostas por Akihiro Omori) e Chargeman Ken! (por Kunio Miyauchi), dois animês produzidos pelo mesmo estúdio Knack Productions na primeira metade da década de 1970.

Luxuosa miniatura lançada pela Yamato Toys.

No Japão, simultaneamente à série, foram produzidas pequenas adaptações de episódios em mangá, publicados em edições das revistas Terebi Magazine, Shougaku Ichinen-sei, Shougaku Ninen-sei (publicações infantis) e Sun Comics. Nesta última, a adaptação foi mais extensa e voltada ao público shonen (garotos adolescentes), sendo compilada depois em dois volumes. No geral, a série não teve muita repercussão se comparado com outras obras do estúdio, mas chegou a 36 episódios, com um eletrizante arco final.


Sem similares no Brasil, as aventuras de Joe e Rita emplacaram diversas reprises, com grande sucesso. A versão brasileira, pela empresa Herbert Richers, trouxe as vozes de Cleonir dos Santos (1944~1998) como Joe, Maria da Penha (1945 ~ 2023) como Rita e Ionei Silva (1942~2013) como o Professor Tobishima, entre outros grandes nomes da dublagem. 


Depois da Manchete, que exibiu a série entre 1983 e 85, a produção também foi exibida em 1994 na CNT/Gazeta e foi lançada em DVD pelos selos Cult Classic (2014) e World Classics (2018). Na era do streaming, teve breve passagem na plataforma NOW, em 2021. Além do Brasil, o Pirata foi exibido em alguns países, como na França (como Groizer X), Itália (como Gloyzer X) e Espanha (como El Justiciero).

Os personagens centrais eram carismáticos, muitos inimigos eram marcantes e as histórias traziam drama e ensinamentos morais sólidos sobre senso de proteção aos mais fracos, honra, trabalho em equipe e altruísmo. O Pirata do Espaço manteve acesa a chama dos animês no Brasil numa época em que essas produções praticamente haviam sumido das programações de TV.

Ilustração de revista, publicada na época da série.

::: FICHA TÉCNICA :::


O PIRATA DO ESPAÇO

Título original: Groizer X ~ グロイザーエックス Estreia no Japão: 01/07/1976 (Tokyyo 12 Channel)

Total: 36 episódios

Emissoras no Brasil: TV Manchete e CNT-Gazeta


CRÉDITOS DE PRODUÇÃO

Supervisão: Go Nagai

História original: Gosaku Outa

Planejamento: Dynamic Planning, Takashi Nagai, Tadaaki Kikuchi Composição da série: Toyohiro Ando Roteiro: Toyohiro Ando, Susumu Yoshida, Tsunehisa Ito, Masaaki Sakurai

Character Design: Takao Suzuki

Direção de animação: Norio Hasegawa, Eiji Tanaka

Direção de arte: Kiyoshi Kato

Trilha sonora: Kuni Kawachi (temas originais) + Akihiro Omori, Kunio Miyauchi (arquivo)

Direção: Hiroshi Shinsenji (chefe), Takashi Kanda, Kenji Nitta, Kozo Takagaki, Kazushi Sayama, Ryoichi Iso Produtores: Seiichi Nishino, Shoji Nakano, Hakuo Kondo

Cooperação de produção: Daiko

Produção: Knack Productions (atual ICHI Company)


ELENCO (vozes originais) Joe Kaisaka: Toru Furuya Rita Yan: Kiini Nozaki Prof. Tobishima: Hisashi Katsuta

Baku: Naoki Totsuta Sabu: Kazuko Sawada Ippei: Ikuya Sawaki Imperador Geldon: Hideki Yabuchi


::: E X T R A :::


Divulgação:


Caçadores de Relíquias GAMES

Avenida Ipiranga n° 1097 - 7° andar - sala 72, Centro - São Paulo/SP

Próximo das estações de metrô República, São Bento e Luz

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