A série japonesa que narrou uma eletrizante versão do famoso personagem.
Um dos personagens mais conhecidos da literatura ocidental é o lendário Rei Arthur de Camelot. Unificador da Grã-Bretanha e líder da elite de cavaleiros da Távola Redonda, Arthur teve seu mais famoso registro literário no romance A Morte de Arthur, publicado em 1485. Foi escrito por Sir Thomas Mallory alguns anos antes, inspirado em relatos que datam do século XIII. Por sua história reunir vagas referências a fatos reais, misturados com criatividade, misticismo e lendas regionais, Arthur é uma figura mítica poderosa e que rendeu inúmeras interpretações, versões e adaptações para outras mídias, sendo um ícone da cultura pop mundial.
Entre as adaptações mais cultuadas, está o clássico desenho da Disney A Espada Era a Lei (1963), o filme Camelot (1981)do diretor John Boorman, e a ousada HQ americana Camelot 3000 (1982), daDC Comics. A lista é enorme e não podemos deixar de incluir nela a clássica versão em animê do Rei Arthur.
A série foi exibida no Brasil pelo SBT na primeira metade dos anos 1980, uma época em que poucas animações japonesas eram vistas na programação.
Exibida no Japão entre 1979 e 1980 e dividida em duas fases distintas, a animação foi vagamente inspirada nos textos de Thomas Mallory mas tem um desenvolvimento próprio, graças à adaptação do autor de mangás Satomi Mikuriya.
Fase 1: A Lenda do Cavaleiro da Távola Redonda
A trama da primeira pega elementos tradicionais, como a origem de Arthur, cujos pais foram mortos por usurpadores do trono. Crescendo como um camponês, o jovem predestinado retoma seu lugar de direito ao conseguir retirar uma espada mística que estava encravada em uma rocha. Assim, ele cumpre uma profecia que anunciava sua chegada.
Na verdade, as narrativas literárias admitem a existência de duas espadas mágicas relacionadas a Arthur: a da pedra (que raramente tem o nome mencionado) e uma outra, entregue a Arthur pela Dama do Lago, sendo essa a poderosa Excalibur mencionada no desenho. De qualquer forma, a Excalibur que Arthur usa no animê tem, além do corte infalível, a capacidade de emitir uma poderosa rajada de energia, fazendo dele um oponente capaz de enfrentar ameaças sobrenaturais.
O melhor amigo e companheiro de batalhas de Arthur é o cavaleiro Sir Lancelot mas, diferente da história original, não acontece o triângulo amoroso envolvendo os dois amigos em disputa pelo amor de Lady Guinevere, a futura esposa do Rei. A Távola Redonda, nome da grande mesa de reunião dos cavaleiros, também tinha outros valorosos lutadores, como Tristão, Kay Galahad, Percival e Hector.
O grande inimigo dos cavaleiros é o Rei Levik e a guerra entre os reinos se intensifica com a presença da feiticeira Morgana Le Fey. A vitória de Camelot sobre as forças do mal é seguida pelo surgimento do sanguinário Cavaleiro Caveira, na verdade o ex-rei Levik em busca de vingança. Após esse arco de histórias que encerra a primeira temporada, teve início a fase 2, com rumos bem diferentes para a série.
Fase 2: O Príncipe do Cavalo Branco
Nessa segunda temporada, Arthur parte de seu castelo para combater o Rei Viking que ameaçava a paz de seu reino. Para isso, ele se faz passar por um andarilho sem rumo e tenta se misturar ao povo das aldeias mais limítrofes do reino. Nessas andanças ele encontra os jovens Bosman,Pete e seus animais de estimação, e estes passam a ser seus companheiros de jornada.
Quando preciso, Arthur veste secretamente sua armadura e parte para a luta como o heróico Príncipe do Cavalo Branco. Ao contrário do que diz a Wikipédia em português, essa fase passou no Brasil, mas talvez tenha ficado incompleta sua exibição, por conta de constantes mudanças na grade de programação do SBT.
Essa fase não era emocionalmente tão intensa quanto a anterior, sendo bem mais leve e recheada de humor. Nem a participação eventual de Lancelot e Tristão conseguiu levantar muito o interesse da "fase super-herói" do Rei Arthur e o animê terminou sem grande repercussão, mas com a boa marca de 52 episódios, somadas as suas duas fases.
A direção geral de toda a série foi de Masayuki Akehi, que também fez story-boards de alguns episódios. Ele tem no currículo participações em Cavaleiros do Zodíaco, Cyborg 009, Slam Dunk, Mazinger Z e muitos outros títulos famosos.
No Brasil, a abertura foi substituída por uma canção original composta por Mário Lúcio Freitas, que anos depois faria a marchinha infantil usada como primeira abertura dos Cavaleiros do Zodíaco na TV Manchete. Sem desmerecer o tema infantil de CDZ, a do Rei Arthur possui um toque épico e emocional totalmente condizente com a série, sendo belíssima em sua execução.
Emocionante, com um traço elegante e expressivo e uma primeira fase épica, Rei Arthur foi uma pequena pérola que passou desapercebida para muita gente, numa época em que os animês ainda não haviam se tornado uma febre entre os jovens. Merecia um lançamento oficial em DVD, desde que pudessem utilizar a dublagem e trilha sonora brasileira original como opção de áudio.
::: FICHA TÉCNICA :::
REI ARTHUR
Fase 1:
Título original: Entaku no kishi monogatari - Moero Arthur ~ 円卓の騎士物語 燃えろアーサー (ou "A Lenda do Cavaleiro da Távola Redonda ~ Queime, Arthur!")
Total: 30 episódios
Estreia no Japão: 09/09/1979
Fase 2:
Título original: Moero Arthur - Hakuba no ouji ~ 燃えろアーサー 白馬の王子 (ou "Queime, Arthur! Príncipe do Cavalo Branco")
Total: 22 episódios
Estreia no Japão: 06/04/1980
EQUIPE DE PRODUÇÃO:
Criação: Sir Thomas Mallory (romance "A Morte de Arthur")
Adaptação e conceito da série: Satomi Mikuriya
Roteiro: Mitsuru Majima, Kenshô Nakano, Tsunehisa Itou e Sukehiro Tomita
Character design: Takuo Noda
Trilha sonora: Shinichi Tanabe [*]
Direção geral: Masayuki Akehi
Animação: Toei Animation
Produção: TV Fuji e Toei Animation
[* Nota: Muitas músicas de fundo de outras produções foram inseridas na versão exibida no SBT. Não há uma explicação oficial para isso.]
::: E X T R A S :::
1) Tema do Rei Arthur Letra e melodia: Mário Lúcio de Freitas Intérprete: Turmina Zig Zag
- Confira agora o mais belo tema orginal de animê já criado no Brasil. Saiu num compacto de vinil lançado na primeira metade dos anos 80. O coral tem uma harmonia arrepiante e o instrumental é excepcional - preste atenção no som da bateria e do baixo. O resultado é emocionante!
2) Kibou yo sore wa ("Essa é a esperança")
Letra: Eiichi Sekine / Melodia e arranjo: Shunsuke Kikuchi
Intérpretes: Isao Sasaki e Koorogi´73
- A abertura original em japonês, cantada pelo lendário Isao Sasaki, o mesmo cantor dos temas de Patrulha Estelar e Metalder. No original, Mitsuko Horie e Ichirou Mizuki também cantaram temas para a série, que assim registrou as vozes de três dos maiores cantores de anime songs de todos os tempos.
3) Rei Arthur no Canal Túnel do Tempo TV:
Alexandre Nagado
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