Uma nação contra o mais poderoso monstro de todos os tempos.
Uma gigantesca criatura anfíbia emerge do mar e leva pânico ao Japão, destruindo tudo por onde passa. A criatura desconhecida se alimentou de dejetos radioativos despejados de modo irregular no mar. Cheio de radiação, está em constante processo de mutação, avançando sem parar como uma destrutiva força da natureza.
As Forças de Autodefesa do Japão e o Governo do país se mostram incapazes de lidar com a escala cada vez maior de morte e destruição causadas pelo monstro, que recebe o nome de Godzilla, ou Gojira para os japoneses.
De um ser desajeitado que se arrasta pela cidade de Tokyo, Godzilla sofre mutações e se torna bípede, com uma altura de 118 metros e capaz de emitir poderosas rajadas de energia pela boca, cauda e placas dorsais.
O Primeiro-Ministro do Japão é inseguro e sofre pressão por todos os lados, inclusive da ONU e dos EUA, que ameaçam um ataque nuclear caso o Japão não consiga vencer a criatura. O vice-chefe de gabinete, Rando Yaguchi, organiza uma equipe de cientistas e pesquisadores para tentar entender Godzilla e traçar uma estratégia para derrotá-lo. Inicialmente preocupado com aspectos políticos da luta contra Godzilla, vai percebendo a gravidade e responsabilidade de se lidar com uma ameaça de tal nível.
Enviada pelos EUA, a jovem cientista Kayoko Ann Peterson, filha de um importante senador e cheia de ambições políticas, inicialmente chega para jogar mais pressão sobre o Governo Japonês, mas demonstra afeição pela terra de seus avós.
Godzilla não pode ser vencido por forças convencionais, e com a iminência de um devastador ataque termonuclear no país, os japoneses correm contra o tempo para traçar a melhor estratégia. A chave pode estar nas enigmáticas anotações de um cientista desaparecido e grandes riscos deverão ser corridos, pois as projeções evolutivas de Godzilla são assustadoras. Aclamado filme de Shinji Higuchi e Hideaki Anno, Shin Godzilla venceu diversos prêmios em seu país e foi sucesso de crítica e público. Tendo custado 15 milhões de dólares (alto para os padrões japoneses), arrecadou cerca de 78 milhões de dólares.
O filme é uma grande e respeitosa homenagem ao clássico Godzilla original, de 1954. Seu alerta contra o uso irresponsável da energia nuclear permanece, e a mensagem de alerta contra o perigo dos políticos, insinuada no primeiro filme, ganha maior destaque e relevância na trama, sem perder de vista os dramas humanos. Ainda assim, o aspecto desolador de uma tragédia humanitária não é explorado com o mesmo peso e impacto do filme de 1954.
Em Shin Godzilla, o roteirista Hideaki Anno apresenta sua visão política, mas sem cair em panfletagem ou maniqueísmo. Ele mostra, em mais de um personagem, o desconforto em ver o Japão docilmente submetido aos EUA e à ONU, com uma visão bastante contrária ao Globalismo [*], que traz a ideia de um governo mundial ditado por agências reguladoras, estas por sua vez representantes de grandes interesses internacionais. Hideaki Anno tende ao tradicionalismo patriótico, e foi capaz de trazer ao filme suas convicções políticas, sem no entanto prejudicar a história ou soar panfletário.
Mostrando evitar soluções fáceis, o autor também faz uma profunda crítica à burocracia japonesa e seu apego a formalidades e hierarquias, bem como ao comportamento mesquinho de políticos que se preocupam mais com poder e imagem do que com vidas humanas. Diálogos afiados permeiam a obra, que possui um ritmo que alterna drama, intrigas politicas e imagens grandiosas.
A obra não guarda semelhança com os blockbusters de Hollywood, tendo uma narrativa mais contemplativa, comum ao cinema japonês. Há ângulos de câmera arrojados, mas não movimentação frenética de cortes rápidos. Mais do que uma aventura fantasiosa, é um drama para ser apreciado com reflexões e algum assombro, pois traz algumas das melhores cenas de destruição já produzidas em um filme japonês. Sobre o título, a palavra "shin" escrita em alfabeto fonético katakaná (シン) deixa o significado em aberto. Se fosse usado um ideograma, "shin" poderia significar "novo", "verdadeiro" ou mesmo "deus", entre outros sentidos possíveis. No caso desse Godzilla, todos os títulos se aplicariam.
O filme foi o início de um ambicioso projeto pessoal de Hideaki Anno, que reuniu-se novamente ao diretor Shinji Higuchi para outro reboot aclamado, o Shin Ultraman (2022). Para 2023, seu próximo filme, desta vez como roteirista e diretor, é Shin Kamen Rider. Hideaki Anno também reuniu os personagens dos três filmes com sua franquia Evangelion (que também teve um reboot cinematográfico) para o grandioso projeto de merchandising Shin Japan Heroes Universe [Boletim Sushi POP 11].
No Brasil, o filme faz parte do acervo da Amazon Prime Video.
[*] Sobre Globalismo:
- Globalismo - Você sabe o que é?
Para uma boa explicação teórica sobre os fundamentos do Globalismo, confira vídeo do canal Um Copo de Redpill, com Alexandre Costa entrevistando o professor e escritor André Assi Barreto, do podcast Oliver Talk.
::: FICHA TÉCNICA :::
SHIN GODZILLA
Título original: Shin Gojira ~ シン・ゴジラ Título internacional: Godzilla Ressurgence
Lançamento no Japão: 29/07/2016
Duração: 119 minutos
EQUIPE DE PRODUÇÃO
Criação: Shigeru Kayama, Ishiro Honda, Eiji Tsuburaya e Tomoyuki Tanaka para a Toho Company
Roteiro: Hideaki Anno
Trilha Sonora: Shiro Sagisu, Akira Ifukube (tema clássico) Direção/ Efeitos especiais: Shinji Higuchi Edição final e direção geral: Hideaki Anno Produtores: Yoshihiro Sato, Masaya Shibusawa, Kazutoshi Wadakura
Produtor Executivo: Akihiro Yamauchi
Realização: Toho Movies, Cine Bazaar
ELENCO
Rando Yaguchi: Hiroki Hasegawa Kayoko Ann Peterson: Satomi Ishihara
Hideki Akasaka: Yutaka Takenouchi
Primeiro-Ministro Seiji Okochi: Ren Osugi
Reiko Hatamori: Kimiko Yo Masao Zaizen: Jun Kunimura Ryuta Azuma: Akira Emoto Yusuke Shimura: Kengo Kora
Hiromi Ogashira: Mikako Ichikawa
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